fevereiro 11, 2008

QUEREMOS ESPAÇOS VERDES NA GRAÇA E NÃO O CONTRÁRIO!

Exmo. Sr. Presidente, Dr. António Costa, c.c. Vereador, Dr. José Sá Fernandes, Presidente da EMEL, Presidente da Junta da Graça



Como é do conhecimento de V.Exas. a zona da Graça é particularmente exígua em espaços verdes, sendo a fabulosa encosta do Convento da Graça e o terreno baldio junto ao final da Rua Damasceno Monteiro e à direita do início da Calçada do Monte, as únicas áreas verdadeiramente verdes de que dispõem os moradores da Graça, dado que todos os outros espaços públicos, apesar de alguns se designarem por jardins, contam apenas com algumas árvores e muito cimento ou calçada portuguesa.










Sobre o primeiro espaço, muito se aguarda sobre a utilização futura da encosta, no seguimento do que vier a ser criado no convento e no quartel da Graça, sendo que é com natural ansiedade e expectativa que os moradores da zona e os lisboetas, de um modo geral, aguardam que os planos de quem de direito passem do plano teórico à prática.

Sobre o segundo espaço, essa "espécie de jardim" onde os moradores da freguesia cultivavam até há bem pouco tempo algumas "hortas urbanas", entretanto destruídas com a recente "limpeza" deste espaço verde (desapareceram as hortas mas ficaram as seringas e outros perigos), e onde actualmente foi reiniciado por um grupo de pessoas empenhadas a plantação de uma horta urbana biológica (apesar de condicionamentos como a falta de água), é nossa convicção que o mesmo poderia constituir um importantíssimo instrumento pedagógico e lúdico em prol de todos, se se valorizasse o facto de ali existir aquele descampado livre de cimento e automóveis estacionados em cima do passeio; bem como as oliveiras e os pinheiros mansos que ainda subsistem.

Contudo, a CML continua indiferente à situação.

Mais, acrescido a este problema de desleixo e falta de visão de quem de direito pelo que deve ser uma cidade feita de pessoas e de vivências, existe um problema adicional mais grave, criado pela própria CML que, recentemente, doou o referido terreno à EMEL como forma de pagar dívidas da primeira entidade à segunda (ver proposta Nº. 241/03 ) justificando-se com a escassez de estacionamento na zona, que seria remediada com a construção de um silo automóvel.

Não satisfeita com a altamente questionável "doação" de um espaço de utilização pública a uma empresa privada sem a prévia consulta dos munícipes, constata-se ainda que o projecto do silo em questão (pág. 86 em diante) significará um fortíssimo golpe na estética e no património do bairro da Graça, onde há cada vez menos edifícios dignos de nota, naquilo que será também mais um elemento dissonante nas vistas que se tem desde os vários miradouros da zona.

Notícias várias dão o silo como facto consumado:
28 de Janeiro de 2005, pode-se ler "O silo da Damasceno Monteiro , com capacidade para 240 lugares, encontra-se já adjudicado (...)";
14 de Setembro de 2005, no LisboENnova, pode-se visualizar a localização dos futuros silos de Lisboa;
6 de Janeiro de 2007 , in Junta de Freguesia da Graça, pode-se ler "A Vereadora Marina Ferreira realizou uma visita à freguesia da Graça, no passado dia 1 de Fevereiro, tomando conhecimento directo de alguns dos problemas da freguesia. Uma das questões reporta ao estado das passadeiras e da sinalização viária, para a qual a Câmara procurará dar resposta. A Vereadora assumiu como prioridade a construção do silo de Estacionamento na Rua Damasceno Monteiro, bem como o apoio à proposta da Junta para a celebração de um protocolo que permita o estacionamento público automóvel na Parada do Quartel da Graça .", enquanto que a empresa Real Town Planning apresenta no seu Portfólio o Silo da Graça como um dos seus projectos!

Vimos, portanto, pelo presente;

· Reclamar junto de V.Exa. que anule a doação do terreno à EMEL e o devolva aos lisboetas, permitindo aos cidadãos cuidar eles próprios de um jardim da cidade, desenvolvendo-o como espaço verde, seja pela plantação de hortas, seja enquanto espaço de lazer para crianças e adultos;

· E sugerir que, em vez da construção de um silo para automóveis naquele espaço (lembramos que os outros silos abertos pela CML têm sido más experiências e inúteis nos seus propósitos, pois os moradores desses locais continuam a estacionar como dantes, devido aos elevados preços do estacionamento subterrâneo, mantendo-se os parques vazios e o estacionamento à superfície, selvagem (Portas do Sol) ou pior (como seria a construção no terreno da EPUL na mesma Rua Damasceno Monteiro, já mais abaixo, com fortíssimo impacte visual desde a colina do miradouro de S.Gens), V.Exa. opte por uma de duas hipóteses:

a) No âmbito do plano em curso para reconversão do Quartel da Graça, seja aproveitada a respectiva Parada para estacionamento à superfície e subterrâneo, com entrada no fim da Rua Damasceno Monteiro (fotos em anexo) , já que é confrangedor assistir-se aos funcionários dos serviços ainda em funcionamento no quartel continuarem a ser os únicos beneficiados com a possibilidade de ali estacionarem a seu bel-prazer;

b) Uma opção "radical" que passa por demolir o mercado de Sapadores (foto em anexo), que é um mono horrível e que está em péssimo estado apesar de ter sido construído há apenas 15 anos (!) , e por construir no seu lugar estacionamento subterrâneo, libertando o espaço à superfície para relvado e parque infantil, com entrada aberta a poente; e reabrindo o mercado noutra zona do bairro ou no mesmo local mas em moldes completamente diferentes, estéticos e concepcionais.



Na expectativa de uma resposta da parte de V.Exa. subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos

Cátia Maciel, António Branco Almeida, Carlos Reis Sousa, Luís-Pedro Correia, Nuno Franco, Nuno Valença e Paulo Ferrero

fevereiro 07, 2008

Derrapa, Túnel, derrapa, que o Zé* paga!

Perdoem-me repetir aqui o último parágrafo desta posta do PF:

Por sua vez, José Sá Fernandes disse à Lusa que a decisão do Tribunal Arbitral "não tem nada a ver com a providência cautelar", mas com "obras que foram feitas e que provavelmente não estavam contabilizadas" no âmbito da construção do Túnel do Marquês..

Porque todos os textos que encontrei online têm a mesma fonte, retiro só um pequeno excerto do artigo do Fernando Diogo publicado na última edição do Expresso:

Os Juízes fixaram em 3,07 milhões de euros a compensação dos prejuízos ao consórcio construtor pela suspensão dos trabalhos, uma verba que está incluida na alínea relativa a indemnizações, cujo total ascende a 6,6 milhões de euros

Se dividirmos os 3,07 milhões pelo número de Zés* de Lisboa, ficamos a saber quanto é que o senhor Sá Fernandes deve a cada lisboeta, mais coisa menos coisa...