julho 30, 2009

Martinho da Arcada - Quem é amigo?

"A notícia da minha morte foi um manifesto exagero". Mark Twain

O Martinho da Arcada não é um café qualquer. Tal como A Brasileira do Chiado e o Café Nicola em Lisboa, o Café Majestic, o Velasquez e o Guarany, no Porto. Todos pertencem ao nosso património histórico e cultural.
O Café mais antigo do país tem uma profunda ligação histórica e cultural com a cidade de Lisboa, desde que abriu as portas, cerca de duas décadas após o Terramoto de 1755.
É parte integrante do Terreiro do Paço e por essa circunstância monumento nacional.
Tem mesas "reservadas" para Fernando Pessoa, José Saramago e Manoel de Oliveira.



Ruído? Sempre houve. A origem do problema presente está directamente ligada ao Projecto de requalificação do Terreiro do Paço, que - tal como está apresentado, transfere a esmagadora maioria do trânsito da Avenida Ribeira das Naus para a Rua da Alfândega e Rua do Arsenal - se se mantiver, além de duplicar o número de transportes públicos que já ali circulava anteriormente, tornará permanente o caos de trânsito que se vive hoje naquelas artérias. Quem vai ter vontade de ir ao Martinho?

Sempre que existem obras, a vida das pessoas é afectada mas, quando terminam, a vida volta ao normal.
Em 5 de Outubro de 2010, a Monarquia Republicana vai comemorar o Centenário e o Terreiro do Paço vai estar num brinco mas, no dia seguinte, o inferno voltará.
Talvez o Martinho da Arcada já não esteja aberto, nessa altura.



Se o senhor António não conseguir manter o negócio, fecha a porta e vai à vida dele. Lisboa fica sem o Martinho da Arcada e uma parte da sua história ficará por contar. É assim...
O proprietário, o Ministério das Finanças, segundo julgo saber, não terá dificuldade em encontrar utilidade para o espaço; Pode transformá-lo num Museu, ligando o Martinho ao piso de cima, ou numa galeria, ou até, em conjunto com a Câmara, torná-lo num espaço de cultura e lazer.
O Martinho da Arcada pode vir a ser um Museu mas, como diz o senhor António, gostava que fosse um Museu vivo e não um Museu morto.

Luis Machado, um amigo da casa que dinamizou as Conversas à Quinta Feira durante algum tempo no início da década de noventa e em 2005 promoveu As Noites do Martinho, vai fazer regressar as tertúlias em Setembro, num conjunto de sete sessões. É um contributo, entre outros possíveis, para que o Martinho da Arcada continue vivo.

julho 28, 2009

Gosto muito de Street Art...

... mas, rapaziada, assim correm o risco de ser confundidos com os vândalos!

julho 26, 2009

Campo de Ourique vai ter lugares pagos mesmo para os moradores

Que poder discricionário tem a EMEL para regular desta forma sobre o usufruto do espaço público? Quem, em Campo de Ourique, foi ouvido antes de começarem a ser distribuidos panfletos a anunciar as "boas novas"? Se pensam que os lisboetas e os habitantes de Campo de Ourique em particular foram todos de férias, desenganem-se!

Para acompanhar, em
http://campodeourique-revoltado.blogspot.com/

In Público (25/7/2009)
Inês Boaventura

A medida, inédita em Lisboa, já levou à criação de um blogue, onde críticos e defensores esgrimem argumentos. No bairro já circula um abaixo-assinado

A EMEL prevê criar em Agosto um novo modelo de gestão de estacionamento no bairro lisboeta de Campo de Ourique, que estabelece a existência de seis artérias em que o estacionamento será pago não só pelos visitantes, mas também pelos próprios residentes. O modelo, inédito em Lisboa, está a gerar grande controvérsia e já arrancou a recolha de assinaturas para o travar.
Em breve, Campo de Ourique passará a ter três tipos de artérias: ruas exclusivamente reservadas a residentes e comerciantes que possuam o respectivo dístico, ruas onde o estacionamento é misto e só os visitantes pagam e finalmente ruas destinadas ao estacionamento de rotação, em que entre as 9h e as 18h30 todos pagam para estacionar.
Diogo Homem, da área de marketing e comunicação da EMEL, disse ao PÚBLICO que está em curso a colocação dos parquímetros e arrancará de seguida a da sinalização vertical, prevendo-se que as novas regras comecem a ser aplicadas durante o mês de Agosto. A área em causa abrange cerca de 3200 lugares de estacionamento, dos quais 2100, "a grande maioria", poderão ser utilizados apenas por residentes e comerciantes.
Para o estacionamento misto, que é idêntico ao que vigora no resto da cidade, haverá 630 lugares e para o estacionamento de rotação 450. Ao todo são seis as ruas (nem todas na sua totalidade) em que até os residentes e comerciantes com dístico de estacionamento terão que pagar para deixar os seus veículos, entre as 9h e as 18h30.

450 - É o número de lugares em que os moradores terão que pagar para estacionar durante o dia



Para contestar este modelo foi criado o blogue campodeourique-revoltado.blogspot.com, no qual o seu fundador acusa a EMEL de promover um "assalto ao bolso dos residentes com carro", bem como de estabelecer "discriminações entre moradores, consoante as ruas em que moram". Segundo o blogue, está em curso uma recolha de assinaturas para travar um projecto que, diz o crítico que assina como Tim, "em vez de resolver vem agravar a vida dos moradores".
Entre os comentários deixados no blogue há quem partilhe estas queixas, como faz um anónimo que reside na Rua de Domingos Sequeira, que será uma das artérias destinadas ao estacionamento de rotação. O homem, com 72 anos, diz que isso o vai obrigar a "subir e descer" a rua onde mora "e tentar estacionar o carro no centro de Campo de Ourique", o que perfaz "mais ou menos um quilómetro a pé para ir buscar o carro e outro tanto para o ir deixar".
Mas no blogue há também muitos comentários de pessoas favoráveis ao novo modelo, uma das quais acusa os contestatários de "egoísmo e complacência com o estado de degradação a que chegou Campo de Ourique por causa do automóvel", e de outras que lhe dão "o benefício da dúvida". É o caso do morador Sérgio Nogueira, que considera que o projecto da EMEL "foi mal divulgado", mas sublinha a necessidade de uma intervenção para acabar com "a selvajaria do estacionamento" em Campo de Ourique. "A cidade não tem obrigação de disponibilizar estacionamento para todos os seus moradores", afirma.

julho 24, 2009

Eu não quero dizer mal, mas...

Quem decidiu alterar e condicionar o trânsito na zona do Terreiro do Paço, certamente terá realizado os estudos de impacto necessários sobre a carga nas ruas adjacentes. Como decorre do artigo de hoje o Público, pelos vistos neglicenciou os efeitos práticos da aglomeração, nas horas de pico, de 140 autocarros por hora na Rua do Arsenal! Há quase dois anos que a bizantinice "O Terreiro do Paço é para as pessoas" causa dores de cabeça "às pessoas", aos comerciantes e aos automobilistas. Esta situação não é um mal necessário, é incompetência em matéria de planeamento!

Carris afasta possibilidade de ter autocarros menores e menos poluentes na Rua do Arsenal
24.07.2009, Inês Boaventura
Ainda não há data para o início das obras de minimização dos efeitos do novo esquema de circulação na Baixa, prometidas pela Câmara de Lisboa
São 140 os autocarros da Carris que passam a cada hora, nos períodos de maior tráfego, na Rua do Arsenal. A empresa tem conhecimento de queixas decorrentes da situação e diz-se disponível para a "melhorar o mais possível", mas garante que é impraticável substituir os veículos por uns mais pequenos e menos poluentes, como pretendia a Câmara de Lisboa.
No fim de Abril, na sequência de um manifesto em que moradores e comerciantes daquela artéria se queixavam do barulho e da poluição atmosférica provocados pelas alterações na circulação rodoviária, o vereador Manuel Salgado fez várias promessas que continuam por cumprir. Entre elas, "pressionar a Carris para alterar a frota de veículos, optando por veículos de menores dimensões, menos poluentes e menos ruidosos", reconstituir as passagens de peões "com material contrastante e resistente" e substituir o pavimento "por um pavimento betuminoso de borracha".
Três meses volvidos, as reclamações mantêm-se e o proprietário do Martinho da Arcada, no Terreiro do Paço, diz mesmo que está em causa a sobrevivência do café com 227 anos. "Isto tornou-se insuportável. Corremos o risco de fechar porque nos meteram num colete de forças de autocarros da Carris", afirmou António Sousa ao PÚBLICO.
O secretário-geral da Carris, Luís Vale, diz que na Rua do Arsenal, junto à qual está instalada a esplanada do café, passam 140 autocarros por hora, nos períodos de maior tráfego. Antes do corte de trânsito nas laterais do Terreiro do Paço, 60 desses autocarros já circulavam perto do estabelecimento, mas na frente da Rua da Prata.
Luís Vale admite que o acréscimo do número de veículos que passam na Rua do Arsenal foi significativo e diz que a Carris tem noção das queixas, mas lembra que "o reordenamento de trânsito não cabe à empresa". E apesar de se dizer disponível para trabalhar com a autarquia para "melhorar o mais possível" o problema, o responsável garante que "não há muito mais a fazer".
Substituir os autocarros por uns mais pequenos, menos poluentes e menos ruidosos é, segundo Luís Vale, impossível. Isto porque veículos de menores dimensões, que para além do mais já estão afectos a outras carreiras, não permitiriam transportar "o caudal de passageiros" que viaja naquela zona da cidade, muitos deles para fazer a ligação a transportes como o metro e os barcos para a Margem Sul.
Quanto à poluição e ao ruído, o secretário-geral afirma que "a performance e o desempenho ambiental da Carris são dos melhores da Europa", tendo os novos veículos que entraram ao serviço desde 2004 permitido baixar a emissão de vários poluentes em valores entre os 80 e os dois por cento. "Não podemos ter autocarros ainda menos poluentes", conclui Luís Vale.
A assessora de imprensa da autarquia disse ao PÚBLICO que ainda não se sabe quando avançarão as intervenções na Rua do Arsenal prometidas por Manuel Salgado, já que estas "estão a ser articuladas" com as obras a desenvolver pela Frente Tejo.

julho 22, 2009

Martinho da Arcada pode estar em perigo

artigo no Público de José António Cerejo, com Inês Boaventura

Os gases e o barulho dos autocarros estão a condenar o café predilecto de Fernando Pessoa. O dono da bicentenária casa diz que já não aguenta a situação criada pelas alterações de trânsito

"Isto tornou-se insuportável. Corremos o risco de fechar porque nos meteram num colete de forças feito de autocarros da Carris. Chegam a ser 180 por hora. Isto tornou-se insuportável." António Sousa, o proprietário do café Martinho da Arcada, no Terreiro do Paço, está desesperado com as recentes alterações à circulação rodoviária na frente ribeirinha e está a estudar todas as hipóteses para enfrentar a situação.

"No dia 30 deste mês, fazemos uma conferência de imprensa e então logo se vê."
Quando a Câmara de Lisboa suprimiu o trânsito na Avenida da Ribeira das Naus, em Fevereiro, para permitir a realização de obras de saneamento, os autocarros que ali passavam vieram juntar-se aos que já tinham o seu percurso pela Rua da Alfândega, mais do que duplicando o número dos que circulam junto ao Martinho.
Face aos protestos dos moradores e comerciantes da zona, o vereador Manuel Salgado comprometeu-se, em Abril, a reservar o eixo Rua da Alfândega-Rua do Arsenal aos transportes públicos, logo que a Ribeira das Naus fosse reaberta ao tráfego. Em declarações feitas na altura, garantiu que essa medida reduziria o número total de veículos que ficaria a passar naquele eixo, relativamente à situação anterior às obras.
Retomado o trânsito de veículos particulares na Ribeira das Naus, António Sousa assegura que a nova alteração foi "um presente envenenado". "A poluição e o barulho não se aguentam. Os clientes são menos de dia para dia. Quando os autocarros param na passadeira dos peões e arrancam depois, isto parece um aeroporto, é só fumo e barulho."
O empresário diz que a Rua da Alfândega, neste momento, deve ser uma das artérias mais poluídas do país e não percebe como é que foi possível fazerem isso a um local em que se encontra um estabelecimento com os pergaminhos e a história do Martinho da Arcada, com 227 anos de vida, "conhecido em todo o lado", e não só por ter sido o café de Pessoa.
"Estamos a ser muito prejudicados, temos aqui 25 pessoas a trabalhar, mas estou muito triste e chocado com esta situação", afirma António Sousa, estimando em 40 a 50 por cento a quebra do seu volume de vendas desde Fevereiro. "Os nossos clientes são persistentes, mas é inevitável que deixem de cá vir", continua, concluindo: "Se os clientes desaparecem, o que é que estamos cá a fazer?" O proprietário confessa que já deu a conhecer a gravidade do problema ao presidente da câmara, António Costa, mas sorri ao relatar a sua resposta na sessão pública em que o interpelou, há cerca de um mês. "Disse que ia ver se a Carris punha aqui autocarros a gás." Até ao fim do mês do mês, António Sousa vai deitar contas à vida e no dia 30 fará uma conferência de imprensa para falar sobre o futuro do Martinho.
No início de 2008, a vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa, Rosalia Vargas, tinha admitido a possibilidade de o café vir a albergar um museu pessoano. Ontem, o director municipal de Cultura disse ao PÚBLICO que, tanto quanto sabe, esta ideia não teve qualquer seguimento nem é de esperar que venha a ter. Francisco Motta Veiga acredita que com a requalificação do Terreiro do Paço o Martinho da Arcada, que em seu entender tem já grande visibilidade mas poderia tornar a sua ligação a Pessoa "melhor usada", ganhará "boas perspectivas de futuro". "Espero que as coisas se possam resolver", concluiu o director camarário. O PÚBLICO pediu esclarecimentos à Carris sobre as queixas do proprietário do café mas não obteve resposta.

julho 14, 2009

Escola Primária nº 2

Foi na Escola Primária nº 2, na Rua das Gaivotas ao Conde Barão, que fiz a instrução primária, com a saudosa Dona Isaura. Foi neste recreio que brinquei durante quatro anos. Segundo li, O edifício seiscentista, de seu nome Palácio Alarcão, onde "Se encontra instalada a Escola Primária Central Nº 2 (com entrada pelo nº 8), o Sindicato único dos Professores, criado depois do 25 de Abril (com entrada pelo nº 6 era a sede da "Liga Nacional 28 de Maio", do Coronel Santos Pedroso) e os Serviços Administrativos do Clube Nacional de Natação (porta nº 2), tudo da Rua das Gaivotas. Com frente para o Conde Barão, os velhos estabelecimentos comerciais, "Cutelaria Salgueiros", "Casa dos Parafusos", (com curiosa frente de azulejos) e a "casa do Chumbo". Segundo registos do final de 2008, Uma firma de fixações, parafusos e outros metais chamada Pecol está no Palácio Alarcão, onde aluga duas fracções, Uma por 57,07 euros e outra por 62 euros.

Para tristeza minha, o estado actual é este: