janeiro 30, 2010

Câmara de Lisboa quer plantar árvores proibidas no jardim do Príncipe Real

Por José António Cerejo, Público de 30-01-2010

Algumas das árvores abatidas na requalificação do espaço pertencem a uma "invasora", cujo cultivo é proibido. O projecto refere que serão substituídas por outras da mesma espécie



O projecto de requalificação do jardim do Príncipe Real prevê o abate de seis árvores exóticas cuja plantação é proibida desde 1999. Apesar disso, o mesmo projecto contempla a substituição daqueles exemplares por outros da mesma espécie.

A plantação de novas robíneas (Robinia pseudoacacia) no local das que já foram cortadas é referida no painel informativo exposto no Príncipe Real e é defendida por técnicos camarários - que pedem para não serem identificados e consideram a lei um "absurdo". Oficialmente, a autarquia, através de um assessor do vereador José Sá Fernandes, diz apenas que "a implementação do projecto será feita de acordo com a lei".

Nos termos do decreto-lei que "interdita genericamente a introdução intencional de espécies não indígenas na natureza", é proibido "o cultivo" e a "detenção" de um grande número de espécies vegetais e animais, entre as quais a Robinia pseudoacacia. A proibição prende-se com a natureza "invasora" dessas espécies e é aplicável a todo o território, sem excepção.

Uma fonte da Autoridade Florestal Nacional confirmou ao PÚBLICO que a lei se aplica também aos jardins em meio urbano e que qualquer nova plantação é "ilegal". As robíneas são vulgares em muitos espaços públicos de todo o país, incluindo a Av. da Liberdade, em Lisboa, e ainda em 2006 a Câmara de Sintra projectou a sua utilização em plantações previstas para o Parque Urbano de São Marcos.

Na opinião de Carlos Souto Cruz, engenheiro silvicultor que trabalha na Câmara de Lisboa, embora sublinhe que fala a título pessoal, as robíneas "têm de facto tendência a alastar no campo, de forma infestante, sobretudo junto às linhas de água do Centro e Sul do país". Já em meio urbano, a sua utilização é "perfeitamente controlável e é muito usada nos jardins tradicionais desde o século XVIII". Souto Cruz entende que "faz todo o sentido replantá-las em jardins onde já estavam e tiveram de ser abatidas, sem que isso represente qualquer risco de propagação".

Para este especialista, a lei de 1999 "procurou resolver um problema real, mas em relação aos jardins em meio urbano, rodeados de áreas impermeabilizadas e urbanizadas, é um bocado radical". Técnicos ligados ao projecto dizem mesmo que o decreto é "um absurdo e uma estupidez". O PÚBLICO insistiu em saber se, apesar da lei, as árvores seriam plantadas, mas o porta-voz de Sá Fernandes repetiu apenas: "Ainda não estão plantadas e a implementação do projecto será feita de acordo com a lei."

janeiro 29, 2010

Assim se tortura uma árvore notável

Na passada Quarta-feira, 27 de Janeiro de 2010, este era o cenário no acesso à Esplanada do Príncipe Real. Apesar da proximidade das figueiras e araucária classificadas - 4 árvores classificadas muito próximo uma das outras - não foi procurada uma solução alternativa para os a passagem de cabos.

Abriu-se um roço de 1 metro, colocou-se uma manilha de betão onde antes havia raízes de figueira, passaram-se cabos, usou-se uma compactadora para compactar o solo - apesar de se estar em cima do sistema radicular das figueiras - e hoje já tudo deve estar tapado como se não se tivesse passado nada.

Mas passou. E, infelizmente, as árvores vão senti-lo. As árvores não morrem de um dia para o outro, nem de um mês para o outro, e muitas vezes nem de um ano para o outro. Mas estas intervenções aceleram o envelhecimento precoce destas árvores.

Já se tinha visto um escavadora gigantesca por cima de todo o jardim, em período de grande pluviosidade e solos saturados de água. O resultado foi a compactação do solo, com efeitos nefastos nas raízes do arvoredo. Também já se tinham registado danos directos à copa e raízes acima do solo das figueiras classificadas. E, agora, isto.

O problema das obras do Jardim do Príncipe Real passa não só pelo conteúdo mas também pelo processo. Bastaria ter havido a intervenção digna de alguém que perceba de árvores de grande porte e facilmente se tinham encontrado soluções alternativas.

Mas a Câmara Municipal de Lisboa tudo sabe e tudo pode. E assim se vai destruindo o nosso património.

Rui Pedro Lérias, “Amigos do Príncipe Real












janeiro 28, 2010

Reunião com Sr. Director Regional de Cultura de LVT

Caro(a) Amigo(a)

Serve o presente para informar da reunião havida hoje com o Senhor Director Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo, Dr. João Soalheiro, a quem entregámos uma carta com um rol de preocupações relativamente a assuntos aos quais consideramos ser importante a DRC-LVT dar seguimento, e da interessantíssima troca de pontos de vista havida em relação a alguns deles, a saber:

1. REABERTURA de um conjunto de processos de classificação recentemente arquivados pelo Igespar, com especial destaque para o Cinema Odéon (pedido reforçado com pareceres do Prof. Eng. João Appleton e do Prof. Arq. José Manuel Fernandes), Grémio Literário, Prédios de Rendimento de Cândido Sottomayor (Av. Duque de Loulé) e Salão Nobre do Conservatório Nacional.

2. Ponto de situação da “obra” no portão lateral da SÉ de Lisboa.

3. ABERTURA de processos de classificação de edifícios e conjuntos urbanos paradigmas da Arquitectura Moderna do séc. XX.

Melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, António Branco de Almeida e António Sérgio Rosa de Carvalho, pelo Fórum Cidadania LX

Visita ao Jardim do Príncipe Real




Vai ter lugar no próximo Domingo, 31 de Janeiro de 2010, pelas 11h30, uma visita guiada ao Jardim do Príncipe Real. Esta visita é promovida pelo grupo "Amigos do Príncipe Real", é gratuita, e tem como objectivo dar a conhecer as características do jardim e as alterações que a Câmara Municipal de Lisboa está a implementar. A visita durará cerca de uma hora.

Os "Amigos do Príncipe Real" consideram esta visita a melhor forma de explicar as razões que nos têm oposto e que nos continuam a opor à intervenção da CML, ao mesmo tempo que viajamos da Grécia à Nova Caledónia, visitando as árvores do jardim. Sabe, por exemplo, porque é o Cedro do Buçaco duas vezes mentiroso? E sabe que está previsto o abate de 62 árvores no jardim desde Janeiro de 2009 e que a CML quer plantar árvores cuja plantação é ilegal em Portugal?

Venha visitar o jardim connosco. Domingo, 31/Jan/2010, às 11h30. Encontro no acesso à Esplanada do Príncipe Real.